quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

uma boneca e um jardim

Viver, sonhar, permitir, desaguar, querer, sonhar...
E durante todo esse tempo o coração ficou feliz só de imaginar aquele sorriso.

Talvez o ego não tenha a ínfima razão da sensibilidade do alter verde. Talvez seja essa a razão dele existir. Talvez a razão tenha vencido o mar de emoções que habita estas linhas.

Porém, se há esse mar, ele existe de fato. Pode não ser pacífico, mas é quase tão imenso.

É triste saber que o que se mostra não consegue ser o que se sente, mesmo já tendo vivido exatamente o inverso. Mas agora não há auto-análise que resolva esse bloqueio.

Triste, mas sem uma lágrima.

Um dia o brilho do amor chegou, e plantou naquele lugar, não uma flor, mas o mais belo dos jardins. O reflexo daqueles olhinhos quase fechados o iluminava, e essa imagem ficará pendurada no maior quadro daquela parede amarela.

No quadro: um sapo, uma boneca, um sorvete de limão e um jardim.

Então o sapo se deitou, sorriu, e ficou com aquela linda lembrança.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pé de Umbu



Lá o tempo não parou, mas tem uma preguiça descomunal. O jeguinho continua lá, mas agora tem rodinhas e bebe gasolina ao invés de comer capim.


O feijão não tem saquinho. A carne não vem do congelador. O fogão não tem gás. Tem internet, telefone... e tudo mais que inventaram pra resolver problemas que antes não existiam. Tem nada mais que o necessário pra viver sorrindo e dando bom dia a todos os vizinhos.


Aqui pouca gente sabe quem ele é. Lá todo mundo o conhece desde girininho, o que o faz voltar a se sentir como um.


Em uma conversa de girinos:


- Vamo comprar sorvete! O tio deu 5 reais.


- Tá. São quantos?


- Só quem for girino. São 6.


- Não... São 5. Eu, você, Pepê, Gabi e PH.


- Faltou Cacá.


- Mas Cacá não é girino.


- É como se fosse.


- É... parece mesmo.


Nessa hora ele não sabia se rolava no chão rindo ou se entraria numa crise de choro e soluços pela inclusão numa turminha de uma geração depois.

Preferiu a primeira opção.



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Num outro momento, à luz de uma lua inspirada pela companhia de nunca tantas estrelas, reuniram-se centenas de coelhos.

Como sabem celebrar. Não há em Far Far Away quem pule com tanto entusiasmo.


Certamente não há como apresentar-lhes um por um. Não por desmerecimento. Bem longe disso. Mas sabe como é coelho né? São muuuitos, e se eu esquecer um eu apanho.


Só 2. A raiz desse pé de umbu imenso.


Zai e Loro caminhavam de uma roça de feijão de corda para a outra, e certo dia se encontraram. Tão certo dia que até hoje Zai coloca o leite com nata na xícara de Loro quando o galo chama. Entre uma xícara e outra vieram 11 coelhos. De uma coelha veio o sapo.


Ham?!


É... a história é minha ué. Não tem coelho que bota ovo de chocolate? Aqui tem coelho que bota girino.



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Parece que o Papai Noel foi generoso esse ano e devolveu ao sapo o seu lugar. E que não saia de lá tão cedo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pxxx...

Tempo tempo, mano velho, falta um tanto ainda, eu sei, pra você correr macio...

Isso aqui tem sido muito mais C.A. do que Sapo. Preocupante.
Faltam insônias inspiradas. Sobram insônias tensas e derrotas pelo cansaço.

Não preocupavam muito as pedrinhas. Saltava qualquer everestezinho com a desenvoltura de Isinbayeva.
Ah vá! Dá um desconto... a motivação vem dessas frases de efeito. Mas pegaram o sentido da coisa né?

Querer saltar tão alto tem um preço. O real não é um sapo, e não tem lá joelhos muito bons.

O problema agora é aquele tempo lá de cima, que não vai deixar correr, e muito menos saltar, macio.

Só queria uma dose de slowmotion, colchão e silêncio...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O ego cronologicamente

Diziam que eu era maluco.
Rá! Como dizer o contrário depois de tudo que já foi dito, da forma como foi dito, neste blog?

Voltando a 1994...
No último dia de aula pró Marisa se dirigiu até tia Bete e falou com um sorriso entusiasmado:
- Dia 5 tem uma festa lá na Casa do Comércio. Carlinhos foi o melhor aluno da escola e vai receber um prêmio.

Não entendia direito o que aquilo tudo queria dizer, mas foi nesse dia que eu começou a ter noção do tamanho da sua cabeça. Praticamente uma rainha de copas.

Passando por 2005...
Chegava em casa certo de que o mundo estava errado. Não era pra tanto, mas também não tava.
Sem 1 puto no bolso, olhava para alguns exemplares paitrocinados e via que conseguiria ter e ser mais do que eles achavam que tinham e eram. Estava certo? Quem sabe?
Sei que saiu daquele mundo dos sonhos dos outros e procurou o seu. Sonho onde estaria inseguro, sozinho e contando apenas com algumas palminhas nas costas.

Perfeito!
O eterno imbatível das bolas ao ar uma vez disse que o segredo era a zona de desconforto.
Nada mais desconfortável do que acordar e perceber que daqui pra frente é com você. O medo deixa alerta, esperto, ágil. Isso pra uma cabeça sem limites é um banquete.

Chegando em 2010...
Foi tudo exatamente como imaginava. Tinha naquela época uma fração ínfima do conhecimento que tem hoje, mas o feeling sempre foi certeiro.
Difícil pra caralho!!! Sinceramente, não se sabe como suportou tudo que aconteceu. Parece que seu corpo tem 50 anos e sua cabeça vai explodir de tanta coisa dentro. Certamente vai passar com um merecido descanso.

Futuro...
Que descanso?
Dave Mathews lhe disse, numa certa madrugada, que Adam Sandler lhe convidava às vezes para atuar em seus filmes. E ele aceitava. Apenas porque aquilo lhe deixava em pânico.

Do que o sapo tem mais medo? Um doce pra quem acertar!
Deixar o maleiro é um desafio homérico para o sapo. Seu calcanhar de Aquiles é a distância de seu porto.
Por falar em porto, certa feita apareceu um mico leão verde e amarelo que lhe disse:
- Os barcos estão seguros nos portos, mas não foi para isso que eles foram feitos.

Bela hora para zarpar capitão gancho! Saquearemos as esquadras britânicas e ibéricas, e voltaremos com os porões cheios de histórias pra contar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Toin Toin

Foi a primeira coisa que eu pensei quando a vi. Mal sabia o tamanho do salto que daria por causa daquelas molinhas.

Nessas horas minha imaginação flui que é uma beleza.

Lembrei também do fio do telefone, apesar de ela curtir mais os sem fio, que, além de comunicar, tem uma aparência mais legal. E a mobilidade também, um espetáculo!

Miojo. É... essa foi forçada. Mas sempre fui sincero com ela, e também pensei nisso. Ela nunca me deixou com fome. Nem de comida, nem de conhecimento. Já trouxe até bigmac num feriado.

A mãe dela deve ter dado doses extras de johnson’s baby shampoo uuu uuuá, e apesar de parecer durona de vez em quando, é igual a banho com cabelo cacheado: sempre tem um cafuné.

Uma dica: é bem fácil saber quando tá tudo sem gás, basta ver se toin toin tá escondido. Se tiver... hehe “Ô Sapo do Maleiro (sim, tem que ter nome e sobrenome), to de TPM!”

Quando a conheci não tive dúvidas de que cresceria como num gole do vidrinho de Alice, e sem direito a antídoto. Apesar de não ter passeado muito pelo mundo verde do sapo, habitou e conviveu com o ego de uma forma indescritível.

Se um dia eu tiver uma biografia escrita, ela não terá uma menção. Seria pouco. Terá um belo e caprichado capítulo, muito bem diagramado (hehe), daqueles que a gente acha que vai durar o livro todo.

Agora é a hora de usar suas molinhas para chegar mais perto daqueles algodõezinhos que voam e molham. Voam pra onde o futuro é mais próspero. Molham alguns olhinhos, que ficarão com saudades.



Essa foi uma homenagem a minha eterna chefinha.
Mimil, não importa quão grande seja o seu destino, ele sempre será pequeno perto das suas idéias.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Boneca de Pano

Brilhos dourados ou refrativos nunca puxaram para si os olhos castanhos do verde. Ao contrário, o opaco magnetiza suas atenções.

A teoria de John Forbes Nash, de que a segunda opção é quase um presente de bandeja, sempre foi bem apreciada. Até porque não há diferença que não seja a mera convenção social para a primeira. Sempre me identifiquei com o título daquele filme.

Há sim uma força interna maior no opaco, que necessita uma maior decupagem. Aí é certo de que a essência de um ser se revela.

Foi assim, na ânsia de enxergar além do opaco, através de olhinhos quase fechados, que se revelou aquela boneca de pano. A mais linda de todas, pois não havia a menor necessidade de frufrus e porcelanas polidas. Era daquele jeito mesmo, linda.

A beleza monocromática, de formas simples, tecidos simples, movimentos simples. Simples, e ainda assim completa, e que completa todas as freqüências tonais do sapo. Assim mesmo, sem pausa, pra tirar o fôlego.

Naquele caminho comum e bem conhecido, ali no próprio habitat do sapo, à trilha de bonecos de argila e suas listras. Onde mais poderia aparecer a simplicidade senão no lugar de sempre? Sem curvas ou cruzamentos, no máximo uma rotatória. Apenas coqueiros, estátua, uma rua em festa e um breve momento suficiente.

E no meio do caminho havia uma boneca de pano esperando de olhinhos fechados o momento de entrar no sonho do sapo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Google Earth

Seguindo pela estrada...

Com o passar dos arbustos, casinhas de luz fraca, curvas, percebemos que não era aquele o caminho. A vida não tem GPS, nem auxílio do Google Earth no celular. Mas, à exceção do tempo perdido, na maioria das vezes dá pra voltar e seguir o curso planejado sem maiores prejuízos.

O difícil é quando você decide parar no posto pra comprar um fandangos, ou cede à vontade protomercadológica dos vendedores de tangerina na beira da estrada, ou, pior, pára pra visitar sua antiga cidade do interior, que está numa estradinha a poucos quilômetros desviando do seu intinerário.

Lembranças que adormeceram e deveriam permanecer num sono eterno. A caixa de pandora perde feio. A curiosidade tem um charme que ameniza os possíveis danos, mas a atitude presumidamente mentalmente suicida é digna de, como diria meu pai, uma surra de gato morto.

E agora? Voltar e seguir o roteiro?
Isso com certeza não vale como aprendizado.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Alice, o bolo e o antídoto

O sapo sente-se tão estranhamente seguro.
Antes um mar de incertezas, com tsunamis de inspiração. Agora uma calma incomum, sem ter muito o que contar.

Ficava caçando borboleta, tentando voar sem conseguir. Não tinha o menor medo de se esborrachar no chão, tanto que acabou acontecendo.
Então procurou mais conforto para seu mundo verde. Não precisava de tantas cores, nem de tantos saltos, apenas não se esborrachar mais.
Conseguiu. Mas, como toda sucessão, é antagônica, nunca complementar. Traz consigo outros efeitos colaterais.
Agora o sapo sente-se estranhamente feliz em estar deitado na cama assistindo TV, só engordando.

Reclamando de barriga cheia né?

É... deve ser. Pior só pra vocês que ficam sem textos.

domingo, 11 de julho de 2010

Pós encruzilhada

As voltas do mundo tornaram tão mais fáceis as escolhas. Qualquer que fosse o caminho escolhido, da vovozinha ou do lobo mal, chegaria onde sempre sonhou.

Não deixaram o mundo verde perder a cor, nem apertaram o botão stop, e a música continuou. Agora era ele quem comandava a pick up. Uhuu!


Mudou-se. O maleiro foi pro outro lado da rua. Agora mais amplo, com vista pro mar. Alguns vizinhos partiram, outros chegaram. Tudo agora tem um ar mais leve, uma nova forma de ver o brejo.


Uma passagem:

Novamente, ao dar mais uma volta e passar pelo outono, houve uma grande celebração. Agora na casa sem parede.


Família, amigos, som, e uma chuva providencial para lavar todo o resquício de passado.

Já tentaram sonhar 3 dias seguidos? Parece assustador, e é. Mas ao mesmo tempo espetacular.

O tempo é amigo quando não há a necessidade de abstrair a felicidade. Quando esta é protagonista, e verde, e sem paredes.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Gotas

Quanto vale uma gota de suor?

As minhas tem valido tão pouco.

domingo, 27 de junho de 2010

Mosaico

Agora um pouco menos de abstração no conceito, mas ainda na forma.
Um mosaico sobre o sapo e seu entorno. E sobre quem não deixou de estar em torno.


Antes uma lembrança, pelo saudo da saudade, pelo perfume que ficou e por aquele tanto de cores e flores do capítulo anterior. Mas também pelo existencial, do motivo de ser sapo.


Este alterego, o sapo, tem algumas razões de ter sido inventado.


Quanto àquela história paralela:

Há um objeto que captura todos os sonhos do sapo, e que também hoje habita o maleiro.
Um dia habitou o ambiente do ego. Foi peça fundamental na convivência da consciência com o sonho.

E o que tem demais?

Simplesmente, tudo.


Há um ser que consegue, como mágica, reunir em pouco mais de um passo numa parede todos os sonhos do sapo. Consegue derrubar o sono do ego e transformar, de forma esvoaçante, todo o poder de abstrair.


Assim surgiu um mosaico, que lá em cima foi apresentado como um quadro que fica virado pra parede.

É... Estranho ficar virado pra parede. Mas nesse caso o alter ainda perde para o super na vontade de prevalecer sobre o ego.


Capturar sonhos é um poder muito grande. Esse ser o fez. Reuniu todos em cores e o apresentou ao sapo, sem saber quão mágico aquele objeto era.

Aquela agoniazinha, que bate asas e mostra cores, faz o sapo perder a condição de senhor do tempo, de sonhador incondicional, sem saber e nem entender.


Aqui o sapo tem pressa e perde a noção atemporal, porque o saudo, da saudade, bate na porta do maleiro e pede para que o mosaico volte ao mundo do ego.


Triste? Quem sabe?

Acho que feliz. O mosaico tem o tamanho de um passo, mas quer tomar toda a parede do ego e do maleiro. Capturar novas cores, se juntar com o som.


Isso só vai acontecer se o paralelo voltar a se cruzar. Mas isso não depende do sapo.

domingo, 20 de junho de 2010

Cor

Pausa para uma homenagem a uma história paralela, que volta e meia se cruzava com esta.
Tão diferente, mas igualmente linda.

Linda... bem colorida.


“No meio de um monte de flores brancas que balançam com o vento, uma agoniazinha. Um bater de asas colorido que adora estar ali, mas precisa de mais cores; outras flores.


Uma estrada, longa e incerta. Buracos, morros, e mais estrada. As outras flores transformam tudo em dourado.


E as flores brancas? Saudades delas, mas as cores das flores atraem sua essência. Não se pode enganar a essência, que é nada mais do que cor.


Uma breve passagem pela cor: “A cor é um pedaço de cada coisa”.


O pedaço branco ficou guardado. O caminho incerto da estrada ficou dourado.

Então o bater de asas colorido encontrou suas flores, cheias de cores.


Hoje só se fala em cor. O som, e seu breve encontro com a cor não tem vez nesse momento. Merecido.

Este som está completo em meio ao branco, apesar de ecoar notas longas e ressonantes quando se lembra daquele colorido esvoaçante.


Esvoaçante colorido, que bate asas, que quer ser e ter, que mostra toda sua beleza em qualquer ponto do espectro, e que contrasta sem medo qualquer elemento cromático. Que charme. Essencialmente incomparável.


Queria saber como está agora aquela agoniazinha. Como se movimentam aquelas asas. Mas como misturar cor e som? Só se sabe que seria belo. Seria, como foi, e como não se sabe se um dia será. Mas, como o que importa é a condição absoluta do ser, a noção do tempo perde a vez, e tudo volta ao plano do sonho.


Ô sonho! Borboletas são feitas de cores, sonhos e movimentos. Então a cor, que sempre sonhou, bateu asas e voou”

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O cachorro preguiçoso

Agora uma história bem velha. Digo, e repito: se liguem no sentido abstrato da noção de velhice. É que aconteceu tanta coisa de lá pra cá, que essa meio que tinha entrado na gaveta.

O sapo tinha uma amiga esquila, que conheceu em cima de uma lixeira lá do Conhec.


Pausa para reflexão: dois pontos e abre aspas “foi lá, nesse lugar, que o sapo foi concebido como sapo”. Depois explico porque.


Danadinho esse sapinho. Já devem estar pensando que essa história é sobre todo mundo que o sapo pega. Tsc... Mas é que história boa de contar é a que dá errado.


A esquilinha morava lá no alto da terra de Iaiá. No inverno até neva.


Um dia eles foram comemorar o dia dos dois. Desceram, até pertinho de Iaiá, porque era mais bonito. O sapo deu uma boneca de pano com cabelinho de lã, beeeem parecida com a esquilinha, toda fofa. E a esquilinha deu um cachorro com sono. É, aquele mesmo que mora no maleiro com o sapo.


Viu? Precisava mesmo contar de onde veio o cachorro. Pelo perfil, era pra ser o guardião do maleiro, mas parece demais com o sapo, preguiçooooso.


O sapo e a esquilinha gostavam de ver ceninhas juntos. Mas o sapo não via, só ficava olhando pra esquilinha.


Enfim, depois de vários capítulos e muita evolução tecnológica, eles se reencontram na matrix.


Esperamos que a preguiça não faça o alto e o baixo de Iaiá ficarem tão distantes denovo.


A partir daí eu não sei mais, porque o sapo é mágico, mas não vidente.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Nuvens

Agora uma pequena mudança de cor. Tirando a roupa de sapo e parando de pular um pouco.

É tão engraçado, como os sonhos são voláteis. Parecem nuvens. Disformes, inconsistentes, quase inalcançáveis. Ao mesmo tempo enigmáticos e belos. A gente fica olhando pra eles lá em cima, pensando em formas mirabolantes de crescer, pular ou voar para alcançá-los.

Na maioria das vezes nos esborrachamos no chão.
Nessa hora entra a figura do pig spirit: “levanta pra cair de novo”. Aí vão os bestas e ficam na pegada do joão bobo.

Tem gente que morre sonhando coisas impossíveis.
A tia lá de Xique-xique quer porque quer conhecer o Silvio Santos.
Má oê! O Silvio é um andróide, pai da Maísa, que é um robô, e irmão do Lombarde, que é só uma voz, tipo o Charlie das Panteras e a babá do muppet babies que ninguém nunca viu a cara.

Mas, já dizia o mestre ancião do Xiriú: “divida seus objetivos em metas”.

Não enfia o sonho todo na boca que engasga fio... Vai comendo aos poucos, pelas beiradas, e deixa a parte do meio que tem mais goiabada pro final.

Assim, nas manhas, as coisas vão acontecendo. Óbvio que os pig spirits e as pedras de Drummond aparecerão. SEMPRE! E outra, final feliz e casamento coletivo é coisa de novela de Manoel Carlos. Se você não se chama Helena e não mora no Leblon, forget. A vida não tem final.

Comigo está sendo assim...
De todos os meus sonhos, os que tinham goiabada ou doce de leite eu comi, os que eram altos demais eu caí, os que eram impossíveis continuaram na esfera da impossibilidade e eu esqueci, e os nimbos estão começando a chover.

domingo, 30 de maio de 2010

Como não se sentir completo?

Tem tempo que o sapo saiu, e trouxe um monte de histórias que não pode contar. Daquelas que os netos se orgulhariam, mas não as netas. E, como o sapo é mágico, mas não vidente, se nascer menino, digo, sapo, ele conta.

O mundo deu uma volta, e logo depois aquela festa lá na casa do giraluz aconteceu. Onde estaria ele nestes momentos? No paraíso, e em frente ao giraluz, cada um em seu momento. Sozinho, e cheio de gente ao redor. Com aquela mesma saudade, e uma vontade imensa de descobrir. O que? Coisas, gente, luz, e, principalmente sons.

Aquele mundo verdinho ganhava outras cores. Mudava de cor por onde passava, pois na festa do giraluz quem caminha soberano pelo meio do reino é outro bicho: o que muda de cor.
Pulou, mudou de cor, bateu asas. Ali, onde todo mundo é rei e sabe voar. Pertenceu ao trono e aos de joelho. Foi mágico. O sapo nunca se sentiu tão completo estando só.

Mas antes, ao rodiar do mundo, estava no paraíso. Na ilha ao contrário. E se sentiu completo, não estando só.

Como estaria o maleiro uma hora dessas?
Estava lá, pequeno e escuro. Pequeno e escuro, mas infinito. Cheio daquelas possibilidades que só um maleiro pode oferecer.

Chegou e cumprimentou o guarda da roupa de madeira, depois todos os seus amigos que tinha deixado. Estava o sapo afinal em seu brejo seguro.

O mundo continuava dando sua volta, e, ao terminar seu primeiro quarto, o sapo completava mais um outono. Mas não queria dizer muita coisa. Sapo não fica velho. Acho que foi daí que veio o Peter Pan, e mais recentemente Benjamin Button. Cada um no seu cada qual.

Teve uma grande festa no maleiro. Veio quase todo mundo. Família, amigos... todos celebrando.

No outro dia, lá vai ele fazer uma surpresa pro amigo Nariz...
Eis que quando chega, a surpresa também era pro sapo. Ninguém percebeu o quanto ele ficou emocionado, mas ficou, e muito. Chega deu um nozinho na garganta, e ficou mudo.

Mas chega dessa história. É muito difícil de abstrair. Fora que fica egocêntrico.
O sapo me disse que até lavou o pé. E ponto pro amigo maracujá, que dorme e ronca, e também tomou um susto nesse dia.

Como não se sentir completo?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Saudo-existencial

Certo dia o pobre do sapo teve uma crise saudo-existencial (saudo de saudade).

Todo mundo sabe que sapo não usa perfume, mas uma vez ele se interessou por uma frasquinha de perfume (aquela mesma do começo da história). Ela era linda, comprida, e tinha uma tampa meio dourada. Passaram-se meses até o sapo se declarar. Ele fez exatamente o que estou fazendo agora: contou uma história sobre um sapo. Até que a frasquinha fez a vida sapal ter um aroma sem descrição.

Aí pronto, bastava a frasquinha fazer que ia espirrar que o sapo já estava com 2 caixas de lenço e um benegrip pra ela. Era um chorissapo.
E então, e já a algum tempo, tornaram-se quase inseparáveis.

O tempo passou... passou... aconteceram coisas... e o tempo passou denovo... planos eram feitos... e mais tempo se passou... e passou também a cegueira do sapo, que agora usa óculos...

O frasco era vazio, não tinha mais perfume. A borboleta dourada era só uma mariposa desbotada. Mas e daí? O sapo é sapo, e não príncipe... Isso não tem a menor importância. O perfume que ele sentiu, ficou. Assim como a imagem daquela borboleta voando, mostrando muito mais cores lindas do que só o dourado.

Mas o sonho da alfazema é ser uma nina ricci. E mesmo o sapo tendo toda essa fascinação, a crise de identidade dela era um obstáculo alto demais.

E o que isso tem a ver?

Bem... o sapo gostaria muito derrubar esta e outras barreiras, não somente perto do natal mas em todos os dias. Tanto com a frasquinha quanto com a caixinha de música. Porém, apesar das pernas do sapo serem grandes e pularem bem alto, toda vez que acha que voa ele se esborracha no chão.

E por que da crise saudo-existencial?

Saudo:
Saudades de coisas boas que talvez não irão mais acontecer. E ele não sabe se quer que aconteçam mais. A vida no maleiro é muito agitada e promete outras tantas coisas boas.

Existencial:
Cada vez mais o sapo tem noção do quão verde ele é, de quanto ele pode pular, e de quão brejo ele consegue transformar o mundo. Isso tudo sem deixar de perder a essência de sapo.
Porém, depois passar por algumas coisas, ele decidiu se fingir de príncipe por algum tempo. Para ser mais preciso, até o carnaval.

Isso é bom? Bem... quem sabe? A única certeza que se tem é a de que a certeza não existe.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Caixinha de sonho

Dia desses o sapinho teve um sonho...

Estava rodeado de amigos, cheio de energias positivas. Ele acordou com a certeza de que o mundo era maior do que o maleiro.

Uma princesa foi buscar o sapo com seu burrinho branco, e foram eles encontrar a côrte para uma tarde que seria inesquecível.

Côrte? É! E quem reinava era o bobo. O bobo do sapo. A princesa era uma caixinha de música, que dançava na ponta do pé.

Mas o engraçado é que a música era tocada pelo bobo do sapo. Sempre as mesmas, mas todas lindas, daquelas que a gente sempre quer ouvir.

Então encontraram-se com os outros bobos e princesas.

Primeiro assistiram o jogo dos bonecos de pebolin, e os nossos venceram! Depois foram lá pra giraluz, ver a luz bater no mar. Lá onde o bobo vira rei, uma vez por ano, quando as mesmas músicas envolvem todos os bobos do mundo. Elas saem de um caminhão, cheio de luz e som. Aí todos os bobos são igualmente majestade. Não tem súdito, só bobo nessa côrte.

De repente estavam o sapo e a princesa, vendo a luz bater no mar, e o tempo parou.

Nínguem sabe, mas o sapo tem esse poder. Ele faz o tempo parar. Mas só quando o mundo merece. Quando todas as estrelas, de todas as galáxias, brilham ao mesmo tempo. Quando todo o sentido do mundo se faz presente, e nada é mais importante do que sentir.

Todo mundo diz que o que é bom dura pouco. Será? Essa é uma pergunta difícil para um sapo, que vive sonhando e dorme vivendo. Tudo que é bom dura o tempo que ele quer. Coisas ruins são só pesadelos, que acabam com um susto, e fazem ele sonhar mais forte.

E o que é o tempo? Ele também não sabe. Sonho não tem tempo. Tudo dura o tempo que o sono deixar. No caso dele, o tempo que o guarda da roupa deixar.

Então ele decidiu deixar continuar. Afinal, nem todo mundo tem o mesmo poder, e precisa viver pra aprender a sonhar também.

Foram, depois daquele momento atemporal, para o castelo, onde a caixinha de música era guardada. O sapo, a princesa e a côrte. Contaram aos outros a mágica daquela tarde, e durmiram.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pre lúdico

Era uma vez um sapinho...

Ele não era muito social não, morava no guarda-roupa.

Certo dia ele se rebelou e fugiu, mas no pé dele tinha um velcro e ele ficou preso na cortina, pendurado de cabeça pra baixo. Aííííí o guarda da roupa de madeira colocou ele de novo no maleiro escuro.

Até que ele gostava de lá, tinha muitos amigos de papel, que contavam historias. Tinha também um casal de aventureiros, que gostavam de acampar, mas só acamparam uma vez na varanda de uma casa sem parede...

O sapo era bem feliz com seus amigos, e de veeeeez em quando mais alguns amigos entravam lá levados pelo guarda da roupa de madeira.

Eram engraçadas as histórias de todos os amigos. Todas diferentes, confusas, felizes, tristes, mas no final sempre engraçadas.

Tinha um cachorro preguiçoso, que morava na porta vizinha do guarda roupa, tinha uma garrafinha esnobe com crise de identidade e achava q era Napoleão, tinha um quadro que ficava com a imagem virada pra parede, e o sapo.

E o sapo... enfim... essa vai ser a historia do sapo. Não importam quantos vizinhos ele tenha, ele vai sempre ser um sapo.

Sapo não tem pretensão, nem sonha...
Aliás, ele sonha, e quando dorme ele vive...
Ao contrario?

Todo mundo sonha, e busca o sonho. O sapo só sonha, sem fechar o olho.

O mal é só a insônia, mas ninguém é perfeito

Aliás, o sapo não gosta muito de sonho não, prefere canjica. Mas tem um capitulo só pra isso.

Por que o sapo? Por que eu to lendo isso?
Geralmente a resposta fica por conta do leitor, mas geralmente também não tem sapo na história.


(essa parte é como se fossem as notas de rodapé)
A gente escuta algumas historinhas quando é criança, onde o sapo vira príncipe. Mas sapo não vira, e nem quer virar príncipe. O dom está em se transformar em sapo também.