Enxergo em cores nomeadas, como o
azul da cor do céu de Porto Seguro, ou cinza cotidiano dubliner, ou o marrom dourado acarajé. Um cenário branco com a
palavra “SELVA” escrita em arial
black centralizada seria suficiente para que a Amazônia se transportasse até
aquele palco.
Escuto letrinhas vibrando e
passeando em linhas ondulando de gordas pesadas a magrelas hiperativas. No
início da minha adolescência eu tinha um amigo bem gordo e um bem magro.
Associava-os a uma tuba e um trompete. Era engraçado estar no meio de fififis e
fonfonfons desafinados.
Cheiro uma noite de suor, duas
mamadas de leite azedo e três passadas de mão de natura baby, nesta proporção,
e vejo meu filho se projetar num holograma imaginário em minha frente com um
balãozinho escrito “aguuuu”. Choro com tosse, intercalado, que dizer fome.
Choro com início mudo, de boca bem aberta e mãozinhas balançando quer dizer
sono. Choro desesperado ficando roxinho quer dizer tudo ao mesmo tempo com
doses intensas de dengo.
Às vezes isso invade a minha
realidade e esqueço que só eu sinto as coisas assim. Alguns outros precisam
gastar milhões num Dali para ter um pouco de surrealidade em suas vidas, como
se isso surrealizásse-as.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
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