quinta-feira, 20 de maio de 2010

Saudo-existencial

Certo dia o pobre do sapo teve uma crise saudo-existencial (saudo de saudade).

Todo mundo sabe que sapo não usa perfume, mas uma vez ele se interessou por uma frasquinha de perfume (aquela mesma do começo da história). Ela era linda, comprida, e tinha uma tampa meio dourada. Passaram-se meses até o sapo se declarar. Ele fez exatamente o que estou fazendo agora: contou uma história sobre um sapo. Até que a frasquinha fez a vida sapal ter um aroma sem descrição.

Aí pronto, bastava a frasquinha fazer que ia espirrar que o sapo já estava com 2 caixas de lenço e um benegrip pra ela. Era um chorissapo.
E então, e já a algum tempo, tornaram-se quase inseparáveis.

O tempo passou... passou... aconteceram coisas... e o tempo passou denovo... planos eram feitos... e mais tempo se passou... e passou também a cegueira do sapo, que agora usa óculos...

O frasco era vazio, não tinha mais perfume. A borboleta dourada era só uma mariposa desbotada. Mas e daí? O sapo é sapo, e não príncipe... Isso não tem a menor importância. O perfume que ele sentiu, ficou. Assim como a imagem daquela borboleta voando, mostrando muito mais cores lindas do que só o dourado.

Mas o sonho da alfazema é ser uma nina ricci. E mesmo o sapo tendo toda essa fascinação, a crise de identidade dela era um obstáculo alto demais.

E o que isso tem a ver?

Bem... o sapo gostaria muito derrubar esta e outras barreiras, não somente perto do natal mas em todos os dias. Tanto com a frasquinha quanto com a caixinha de música. Porém, apesar das pernas do sapo serem grandes e pularem bem alto, toda vez que acha que voa ele se esborracha no chão.

E por que da crise saudo-existencial?

Saudo:
Saudades de coisas boas que talvez não irão mais acontecer. E ele não sabe se quer que aconteçam mais. A vida no maleiro é muito agitada e promete outras tantas coisas boas.

Existencial:
Cada vez mais o sapo tem noção do quão verde ele é, de quanto ele pode pular, e de quão brejo ele consegue transformar o mundo. Isso tudo sem deixar de perder a essência de sapo.
Porém, depois passar por algumas coisas, ele decidiu se fingir de príncipe por algum tempo. Para ser mais preciso, até o carnaval.

Isso é bom? Bem... quem sabe? A única certeza que se tem é a de que a certeza não existe.

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