domingo, 30 de maio de 2010

Como não se sentir completo?

Tem tempo que o sapo saiu, e trouxe um monte de histórias que não pode contar. Daquelas que os netos se orgulhariam, mas não as netas. E, como o sapo é mágico, mas não vidente, se nascer menino, digo, sapo, ele conta.

O mundo deu uma volta, e logo depois aquela festa lá na casa do giraluz aconteceu. Onde estaria ele nestes momentos? No paraíso, e em frente ao giraluz, cada um em seu momento. Sozinho, e cheio de gente ao redor. Com aquela mesma saudade, e uma vontade imensa de descobrir. O que? Coisas, gente, luz, e, principalmente sons.

Aquele mundo verdinho ganhava outras cores. Mudava de cor por onde passava, pois na festa do giraluz quem caminha soberano pelo meio do reino é outro bicho: o que muda de cor.
Pulou, mudou de cor, bateu asas. Ali, onde todo mundo é rei e sabe voar. Pertenceu ao trono e aos de joelho. Foi mágico. O sapo nunca se sentiu tão completo estando só.

Mas antes, ao rodiar do mundo, estava no paraíso. Na ilha ao contrário. E se sentiu completo, não estando só.

Como estaria o maleiro uma hora dessas?
Estava lá, pequeno e escuro. Pequeno e escuro, mas infinito. Cheio daquelas possibilidades que só um maleiro pode oferecer.

Chegou e cumprimentou o guarda da roupa de madeira, depois todos os seus amigos que tinha deixado. Estava o sapo afinal em seu brejo seguro.

O mundo continuava dando sua volta, e, ao terminar seu primeiro quarto, o sapo completava mais um outono. Mas não queria dizer muita coisa. Sapo não fica velho. Acho que foi daí que veio o Peter Pan, e mais recentemente Benjamin Button. Cada um no seu cada qual.

Teve uma grande festa no maleiro. Veio quase todo mundo. Família, amigos... todos celebrando.

No outro dia, lá vai ele fazer uma surpresa pro amigo Nariz...
Eis que quando chega, a surpresa também era pro sapo. Ninguém percebeu o quanto ele ficou emocionado, mas ficou, e muito. Chega deu um nozinho na garganta, e ficou mudo.

Mas chega dessa história. É muito difícil de abstrair. Fora que fica egocêntrico.
O sapo me disse que até lavou o pé. E ponto pro amigo maracujá, que dorme e ronca, e também tomou um susto nesse dia.

Como não se sentir completo?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Saudo-existencial

Certo dia o pobre do sapo teve uma crise saudo-existencial (saudo de saudade).

Todo mundo sabe que sapo não usa perfume, mas uma vez ele se interessou por uma frasquinha de perfume (aquela mesma do começo da história). Ela era linda, comprida, e tinha uma tampa meio dourada. Passaram-se meses até o sapo se declarar. Ele fez exatamente o que estou fazendo agora: contou uma história sobre um sapo. Até que a frasquinha fez a vida sapal ter um aroma sem descrição.

Aí pronto, bastava a frasquinha fazer que ia espirrar que o sapo já estava com 2 caixas de lenço e um benegrip pra ela. Era um chorissapo.
E então, e já a algum tempo, tornaram-se quase inseparáveis.

O tempo passou... passou... aconteceram coisas... e o tempo passou denovo... planos eram feitos... e mais tempo se passou... e passou também a cegueira do sapo, que agora usa óculos...

O frasco era vazio, não tinha mais perfume. A borboleta dourada era só uma mariposa desbotada. Mas e daí? O sapo é sapo, e não príncipe... Isso não tem a menor importância. O perfume que ele sentiu, ficou. Assim como a imagem daquela borboleta voando, mostrando muito mais cores lindas do que só o dourado.

Mas o sonho da alfazema é ser uma nina ricci. E mesmo o sapo tendo toda essa fascinação, a crise de identidade dela era um obstáculo alto demais.

E o que isso tem a ver?

Bem... o sapo gostaria muito derrubar esta e outras barreiras, não somente perto do natal mas em todos os dias. Tanto com a frasquinha quanto com a caixinha de música. Porém, apesar das pernas do sapo serem grandes e pularem bem alto, toda vez que acha que voa ele se esborracha no chão.

E por que da crise saudo-existencial?

Saudo:
Saudades de coisas boas que talvez não irão mais acontecer. E ele não sabe se quer que aconteçam mais. A vida no maleiro é muito agitada e promete outras tantas coisas boas.

Existencial:
Cada vez mais o sapo tem noção do quão verde ele é, de quanto ele pode pular, e de quão brejo ele consegue transformar o mundo. Isso tudo sem deixar de perder a essência de sapo.
Porém, depois passar por algumas coisas, ele decidiu se fingir de príncipe por algum tempo. Para ser mais preciso, até o carnaval.

Isso é bom? Bem... quem sabe? A única certeza que se tem é a de que a certeza não existe.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Caixinha de sonho

Dia desses o sapinho teve um sonho...

Estava rodeado de amigos, cheio de energias positivas. Ele acordou com a certeza de que o mundo era maior do que o maleiro.

Uma princesa foi buscar o sapo com seu burrinho branco, e foram eles encontrar a côrte para uma tarde que seria inesquecível.

Côrte? É! E quem reinava era o bobo. O bobo do sapo. A princesa era uma caixinha de música, que dançava na ponta do pé.

Mas o engraçado é que a música era tocada pelo bobo do sapo. Sempre as mesmas, mas todas lindas, daquelas que a gente sempre quer ouvir.

Então encontraram-se com os outros bobos e princesas.

Primeiro assistiram o jogo dos bonecos de pebolin, e os nossos venceram! Depois foram lá pra giraluz, ver a luz bater no mar. Lá onde o bobo vira rei, uma vez por ano, quando as mesmas músicas envolvem todos os bobos do mundo. Elas saem de um caminhão, cheio de luz e som. Aí todos os bobos são igualmente majestade. Não tem súdito, só bobo nessa côrte.

De repente estavam o sapo e a princesa, vendo a luz bater no mar, e o tempo parou.

Nínguem sabe, mas o sapo tem esse poder. Ele faz o tempo parar. Mas só quando o mundo merece. Quando todas as estrelas, de todas as galáxias, brilham ao mesmo tempo. Quando todo o sentido do mundo se faz presente, e nada é mais importante do que sentir.

Todo mundo diz que o que é bom dura pouco. Será? Essa é uma pergunta difícil para um sapo, que vive sonhando e dorme vivendo. Tudo que é bom dura o tempo que ele quer. Coisas ruins são só pesadelos, que acabam com um susto, e fazem ele sonhar mais forte.

E o que é o tempo? Ele também não sabe. Sonho não tem tempo. Tudo dura o tempo que o sono deixar. No caso dele, o tempo que o guarda da roupa deixar.

Então ele decidiu deixar continuar. Afinal, nem todo mundo tem o mesmo poder, e precisa viver pra aprender a sonhar também.

Foram, depois daquele momento atemporal, para o castelo, onde a caixinha de música era guardada. O sapo, a princesa e a côrte. Contaram aos outros a mágica daquela tarde, e durmiram.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pre lúdico

Era uma vez um sapinho...

Ele não era muito social não, morava no guarda-roupa.

Certo dia ele se rebelou e fugiu, mas no pé dele tinha um velcro e ele ficou preso na cortina, pendurado de cabeça pra baixo. Aííííí o guarda da roupa de madeira colocou ele de novo no maleiro escuro.

Até que ele gostava de lá, tinha muitos amigos de papel, que contavam historias. Tinha também um casal de aventureiros, que gostavam de acampar, mas só acamparam uma vez na varanda de uma casa sem parede...

O sapo era bem feliz com seus amigos, e de veeeeez em quando mais alguns amigos entravam lá levados pelo guarda da roupa de madeira.

Eram engraçadas as histórias de todos os amigos. Todas diferentes, confusas, felizes, tristes, mas no final sempre engraçadas.

Tinha um cachorro preguiçoso, que morava na porta vizinha do guarda roupa, tinha uma garrafinha esnobe com crise de identidade e achava q era Napoleão, tinha um quadro que ficava com a imagem virada pra parede, e o sapo.

E o sapo... enfim... essa vai ser a historia do sapo. Não importam quantos vizinhos ele tenha, ele vai sempre ser um sapo.

Sapo não tem pretensão, nem sonha...
Aliás, ele sonha, e quando dorme ele vive...
Ao contrario?

Todo mundo sonha, e busca o sonho. O sapo só sonha, sem fechar o olho.

O mal é só a insônia, mas ninguém é perfeito

Aliás, o sapo não gosta muito de sonho não, prefere canjica. Mas tem um capitulo só pra isso.

Por que o sapo? Por que eu to lendo isso?
Geralmente a resposta fica por conta do leitor, mas geralmente também não tem sapo na história.


(essa parte é como se fossem as notas de rodapé)
A gente escuta algumas historinhas quando é criança, onde o sapo vira príncipe. Mas sapo não vira, e nem quer virar príncipe. O dom está em se transformar em sapo também.