Enxergo em cores nomeadas, como o
azul da cor do céu de Porto Seguro, ou cinza cotidiano dubliner, ou o marrom dourado acarajé. Um cenário branco com a
palavra “SELVA” escrita em arial
black centralizada seria suficiente para que a Amazônia se transportasse até
aquele palco.
Escuto letrinhas vibrando e
passeando em linhas ondulando de gordas pesadas a magrelas hiperativas. No
início da minha adolescência eu tinha um amigo bem gordo e um bem magro.
Associava-os a uma tuba e um trompete. Era engraçado estar no meio de fififis e
fonfonfons desafinados.
Cheiro uma noite de suor, duas
mamadas de leite azedo e três passadas de mão de natura baby, nesta proporção,
e vejo meu filho se projetar num holograma imaginário em minha frente com um
balãozinho escrito “aguuuu”. Choro com tosse, intercalado, que dizer fome.
Choro com início mudo, de boca bem aberta e mãozinhas balançando quer dizer
sono. Choro desesperado ficando roxinho quer dizer tudo ao mesmo tempo com
doses intensas de dengo.
Às vezes isso invade a minha
realidade e esqueço que só eu sinto as coisas assim. Alguns outros precisam
gastar milhões num Dali para ter um pouco de surrealidade em suas vidas, como
se isso surrealizásse-as.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Face Your Fears
Eu tomava aulas de natação no Clube dos Médicos da Bahia.
Tinha 10 anos, se não me engano. Foi lá que eu aprendi a nadar. Começamos
sempre com a pranchinha, e aos poucos vamos nos livrando dela e nos garantindo
nas braçadas.
Dado momento houve uma competição para avaliar e integrar os alunos. Eu fui escalado para competir com pranchinha, junto com outros garotos no mesmo nível que eu. Já sabia nadar, mas ainda não era completamente seguro.
Quando minha bateria foi chamada, apenas eu estava presente. Deram-me três opções: competir com pranchinha numa bateria de nível mais avançado; competir sem pranchinha na mesma bateria; ou não competir. Escolhi a primeira.
Era uma piscina de 25 metros e, lá pelos 10 metros, percebi que estava na mesma velocidade dos outros meninos, mesmo com a desvantagem de não utilizar os braços. Eu poderia ganhar, e pensei em largar a prancha e nadar até o final. Não larguei. Fiquei em último.
...
Certo dia resolvi surfar. Pedi uma prancha de bodyboard a meu pai e comecei a pegar uns jacarés na praia de Jaguaribe. Eram apenas espumas, mas me encantei com a possibilidade de controlar e ser controlado, desfrutar daquela imensidão que era o mar. Bem piegas, mas me sentia mais perto de Deus quando via o continente por trás da arrebentação.
Me inscrevi numa escolinha. Era bem referenciada. Quase a metade de Top20 nacional tinha passado ou ainda estava por lá. Fui aprendendo várias coisas. Além das técnicas e manobras, valores humanos e ambientais, respeito a algo que é maior que você e eu e todo mundo junto.
Ficávamos horas falando sobre ondas perfeitas e lugares paradisíacos, coisas que Salvador sonhava em ser. Um dia essas ondas grandes e tubulares bateram à nossa porta. Era notória a felicidade de todos os colegas. Eu escolhi ficar na areia. Fingi estar com dores no joelho.
...
Eu era um garoto especial. Sempre o melhor da turma, o capitão dos times esportivos, um líder nato. Mas em alguns momentos eu PIPOCAVA, com todas as letras em maiúsculo. Percebi que era essa a diferença entre pessoas notáveis e os comuns.
Hoje eu faço coisas insanas, simplesmente porque me deixam borrado de medo. Algumas oportunidades foram perdidas para sempre, e possivelmente não serei mais um alto executivo de uma multinacional, ou um campeão mundial de alguma coisa. Paciência. Mas, dali em diante, resolvi que qualquer brechinha que me derem vai ser motivo para um chute ao gol.
Dado momento houve uma competição para avaliar e integrar os alunos. Eu fui escalado para competir com pranchinha, junto com outros garotos no mesmo nível que eu. Já sabia nadar, mas ainda não era completamente seguro.
Quando minha bateria foi chamada, apenas eu estava presente. Deram-me três opções: competir com pranchinha numa bateria de nível mais avançado; competir sem pranchinha na mesma bateria; ou não competir. Escolhi a primeira.
Era uma piscina de 25 metros e, lá pelos 10 metros, percebi que estava na mesma velocidade dos outros meninos, mesmo com a desvantagem de não utilizar os braços. Eu poderia ganhar, e pensei em largar a prancha e nadar até o final. Não larguei. Fiquei em último.
...
Certo dia resolvi surfar. Pedi uma prancha de bodyboard a meu pai e comecei a pegar uns jacarés na praia de Jaguaribe. Eram apenas espumas, mas me encantei com a possibilidade de controlar e ser controlado, desfrutar daquela imensidão que era o mar. Bem piegas, mas me sentia mais perto de Deus quando via o continente por trás da arrebentação.
Me inscrevi numa escolinha. Era bem referenciada. Quase a metade de Top20 nacional tinha passado ou ainda estava por lá. Fui aprendendo várias coisas. Além das técnicas e manobras, valores humanos e ambientais, respeito a algo que é maior que você e eu e todo mundo junto.
Ficávamos horas falando sobre ondas perfeitas e lugares paradisíacos, coisas que Salvador sonhava em ser. Um dia essas ondas grandes e tubulares bateram à nossa porta. Era notória a felicidade de todos os colegas. Eu escolhi ficar na areia. Fingi estar com dores no joelho.
...
Eu era um garoto especial. Sempre o melhor da turma, o capitão dos times esportivos, um líder nato. Mas em alguns momentos eu PIPOCAVA, com todas as letras em maiúsculo. Percebi que era essa a diferença entre pessoas notáveis e os comuns.
Hoje eu faço coisas insanas, simplesmente porque me deixam borrado de medo. Algumas oportunidades foram perdidas para sempre, e possivelmente não serei mais um alto executivo de uma multinacional, ou um campeão mundial de alguma coisa. Paciência. Mas, dali em diante, resolvi que qualquer brechinha que me derem vai ser motivo para um chute ao gol.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
excuse us...
Sinto
egoísta e receoso.
Nunca foi
de apresentar ao mundo o interior de seu fantástico mundo. Bem... não sei se
tão fantástico assim, mas seu. Este instrumento eletrônico o ajudou a colocar
sua cara para fora da janela, ainda que pintada de verde.
Mostrou a
quem quisesse ver, de uma forma lúdica, o que é que há, o que é que tá se
passando na sua cabeça. Mas isso meio que perdeu o sentido.
A história
do sapo e da borboleta começou bem antes disso tudo aqui.
1. Egoísta...
Hoje vive
tudo que profetizou aqui. Juro que parece um conto de fadas. Mesmo movendo o
mundo para que tudo isso acontecesse, fechando os olhos e deixando o coração
levar, não imaginava que hoje estaria vivendo um sonho.
Não... Não
se parece com aquela baboseira dos filmes. Tenho dito desde o início que aqui
não tem príncipe, mas sapo. História de sapo é diferente, bem mais legal, real.
O do
egoísmo é que não quer compartilhar isso. E vai de explicação às cobranças da
borboleta narcisista também.
2. Receoso
A internet
é um simulacro de sociedade, com megafone. Aqui os tímidos, como ele, têm a
oportunidade de terem sua opinião pelo menos ouvida. Se pode contabilizar
quantos amigos você tem.
É... mais
ou menos.
É aí que
pega. A gente tem opiniões e sentimentos obscuros, que nem a gente sabe que
tem. Somos seres extremamente falsos. Não que isso seja ruim. Pessoas puramente
verdadeiras não são sociáveis no nosso mundo. Apenas a minoria destes amigos do
facebook são amigos de verdade. Digamos que, depois de uma garimpagem profunda,
50% dos que você acha que são, realmente são.
(Ó, ser
santo que teima em não vestir a carapuça! Faça uma viagem interior e se
conheça. Você se surpreenderá. Eu me surpreendi.)
Então...
quando tudo estava no campo do sonho, não via mal algum em divulgar. Agora o
sonho, com goiabada e tudo, virou realidade. Todos aqueles personagens,
histórias, sentimentos, sairam do maleiro e ganharam vida. Chegaram no
infinito, lá onde caminhos paralelos enfim se cruzam. Deram origem a uma nova
história, que não cabe em um blog bobo.
Que sentido
tem então um post fofinho, se ao acordar nos deparamos com o mais lindo dos
sorrisos do mundo, mesmo sem dente algum?
P.S.: Vocês
fazem eu me sentir um super-herói.
domingo, 4 de março de 2012
Pig Laugh Day
Ela é uma
gelatina Royal sabor maracujá. Tem uma boca do tamanho de todas as risadas que
o porco aranha conseguiu causar nos cinemas do mundo.
Porco,
maracujá, royal e, especialmente, risada. São essas suas keytags no meu
personal google.
Não quero
falar muito dela, senão vocês, inevitavelmente, vão querer ser os melhores
amigos dela também. Sempre acontece isso quando ela chega perto de alguém. E eu
sou um amigo ciumento e possessivo.
Hehehe
De: Beautiful Smile
Para:Lábios
Preciosos
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Bear
Todo mundo
já teve pelo menos um. Faz parte do mundo infantil. Geralmente é ele que nos
acompanha em nossos sonhos, nos abraça quando a porta faz um barulho estranho
no escuro. É ele que fica com a bronca quando nosso pai não deixa dormir no
meinho.
Algumas
pessoas dão nomes legais e ficam com ele a vida inteira. Uma vez encontrei uma
tagarela que chamava o seu de blue. É, ele era azul, e pequeno, e feiiiinho,
mas tinha lá sua personalidade.
Engraçado ninguém
nunca ter perguntado por que não tinha um ursinho ainda no blog. Nunca tive
nenhum especial, não era apegado a objetos inanimados. A prova é que transformei
todos eles em personagens, e personagens em objetos.
Tenho me
sentido meio Benjamin Button. Dia desses me peguei sonhando acordado. Estava
vestido de papai noel, com ele no colo, contando histórias. Sentado no sofá de
casa respondendo infinitos porquês. Fantasiado de sapo na sua festinha de
aniversário. Brigando com ele pra ficar mais tempo na cama elástica (sim, eu no
brinquedo dele).
A borboleta
fica mandando eu parar de pular. Veja que contradição. Vou mandar ela parar de
voar.
Por
falar... está tão linda. Acho que nem ela acreditava que podia ser tão bela.
Conseguiu juntar de novo sonho e realidade, transformar minhas incertezas em
idéias e me deu um ursinho que fala, tem nome e pede pra dormir no meinho.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Dona Lourdes
Vestia sua
roupa mais bonita, sempre combinando. Pendurava suas jóias, passava uma
alfazema e saía bem cedo rumo à “cidade”. Voltava ao final da tarde com uma
sacola e algumas flores. Esse era seu ritual, principalmente em dias santos.
Poderia
facilmente ter sido encontrada nas linhas autenticamente baianas de Jorge
Amado. Foi adotada por uma família tradicional da Ladeira da Barra e casou-se
aos 13 anos com um marinheiro de olhos azuis. Viveu por muito tempo no bairro
da Cidade Nova, onde criou seus cinco filhos que vingaram. Foi uma das
primeiras moradoras da Boca do Rio, desde quando ali só existia areia. Não
votava, mas tinha uma simpatia pelo Antônio Carlos.
Sua alegria
era contagiante. Contava dos seus tempos nos bailes de carnaval do Fantoches e
Cruz Vermelha e, quando não mais existiam, era teimosamente encontrada no
relógio de São Pedro esperando os trios passarem. Nunca se deixou ser reprimida
por conta da idade, pois nunca teve a que achavam que tinha. Por conta própria
mudou sua data de aniversário, para que fosse feriado. Quem ousa dizer que não
é 7 de setembro?
Amava seus
filhos, cada um de uma maneira peculiar. Uma mistura única de super proteção e
autoridade. Tinha por seus netos um carinho sem igual, mas sem perder a batuta
de quem era a matriarca de uma família tão grande. Seus bisnetos não tiveram a
sorte da convivência, mas ouvirão muitas histórias suas, com certeza.
Assim, com
um riso no canto da boca, vamos lembrando de quem foi Dona Lourdes. Deixará
saudades, mas viveu tempo suficiente para nos ensinar como encontrar sempre um
motivo para celebrar a vida.
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