terça-feira, 14 de junho de 2011

Pedacinhos

Cada vida é feita de muitos pedacinhos. Cada pedacinho já é suficientemente complexo para não ser entendido.

Como então entender a vida? Como então não adimirar cada pedacinho?
Às vezes parece loucura, exagero, pseudogenialidade...

Alguns segundos. Não mais que isso.
- Hello! How are you? - diz a caixa com um sorriso protocolar no rosto
- Fine! - respondo mais protocolarmente ainda
- Club card?
- No.
- Do you need a bag?
- No, thanks.

E saio do supermercado com meus dois potinhos de pringles sabor barbecue.

Um veio do outro lado do oceano e se anima com o preço da batatinha, que no Brasil custa três vezes mais. Está tentando aprender outra língua para preencher suas habilidades profissionais e, quem sabe, se tornar menos refém das oportunidades.

A outra é da Irlanda mesmo. Provavelmente não conseguiu boas notas e consequentemente uma vaga na universidade. Está ali apenas vivendo. Aguardando o pequeno, mas digno, salário que vai lhe dar a possibilidade de comprar mais daquele pó laranja que deixa as meninas "bronzeadas".

Ela tem um emprego razoável. Divide um ap com mais três meninas irlandesas, todas com histórias parecidas. Sonham passar o verão numa praia tropical e trocar o bronzeado em pó por um de verdade.

Ele está procurando um subemprego. Carregar caixas, limpar privada, lavar prato. Ainda assim ganhará bem mais do que em seu antigo trabalho qualificado no Brasil. Está se acostumando com o clima frio, perdendo melanina, e sonhando em ver neve.

Foram apenas breves e superficiais segundos.