quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Dona Lourdes

Vestia sua roupa mais bonita, sempre combinando. Pendurava suas jóias, passava uma alfazema e saía bem cedo rumo à “cidade”. Voltava ao final da tarde com uma sacola e algumas flores. Esse era seu ritual, principalmente em dias santos.

Poderia facilmente ter sido encontrada nas linhas autenticamente baianas de Jorge Amado. Foi adotada por uma família tradicional da Ladeira da Barra e casou-se aos 13 anos com um marinheiro de olhos azuis. Viveu por muito tempo no bairro da Cidade Nova, onde criou seus cinco filhos que vingaram. Foi uma das primeiras moradoras da Boca do Rio, desde quando ali só existia areia. Não votava, mas tinha uma simpatia pelo Antônio Carlos.

Sua alegria era contagiante. Contava dos seus tempos nos bailes de carnaval do Fantoches e Cruz Vermelha e, quando não mais existiam, era teimosamente encontrada no relógio de São Pedro esperando os trios passarem. Nunca se deixou ser reprimida por conta da idade, pois nunca teve a que achavam que tinha. Por conta própria mudou sua data de aniversário, para que fosse feriado. Quem ousa dizer que não é 7 de setembro?

Amava seus filhos, cada um de uma maneira peculiar. Uma mistura única de super proteção e autoridade. Tinha por seus netos um carinho sem igual, mas sem perder a batuta de quem era a matriarca de uma família tão grande. Seus bisnetos não tiveram a sorte da convivência, mas ouvirão muitas histórias suas, com certeza.

Assim, com um riso no canto da boca, vamos lembrando de quem foi Dona Lourdes. Deixará saudades, mas viveu tempo suficiente para nos ensinar como encontrar sempre um motivo para celebrar a vida.

3 comentários:

  1. Linda sua homenagem. Com certeza ela sempre sera lembrada e isso permite q ela viva no seu coracao!

    ResponderExcluir
  2. Zé, meus sentimentos, conheci a um pouco mais de 1 ano a dor de perder um avô, por isso estou aqui pra me solidarizar! Fique bem meu amigo!

    ResponderExcluir
  3. Rouse Mayre Avelino A.Pereira20 de janeiro de 2012 às 01:40

    Linda homenagem a tia Lourdes.Minha mãe é Antonia Avelino Oliveira,irmã de Aymê,sobrinha da sua avó.E sempre falou muito dela.Tenha todo o nosso carinho nesse momento.Um abraço

    ResponderExcluir