sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Face Your Fears

Eu tomava aulas de natação no Clube dos Médicos da Bahia. Tinha 10 anos, se não me engano. Foi lá que eu aprendi a nadar. Começamos sempre com a pranchinha, e aos poucos vamos nos livrando dela e nos garantindo nas braçadas.

Dado momento houve uma competição para avaliar e integrar os alunos. Eu fui escalado para competir com pranchinha, junto com outros garotos no mesmo nível que eu. Já sabia nadar, mas ainda não era completamente seguro.

Quando minha bateria foi chamada, apenas eu estava presente. Deram-me três opções: competir com pranchinha numa bateria de nível mais avançado; competir sem pranchinha na mesma bateria; ou não competir. Escolhi a primeira.

Era uma piscina de 25 metros e, lá pelos 10 metros, percebi que estava na mesma velocidade dos outros meninos, mesmo com a desvantagem de não utilizar os braços. Eu poderia ganhar, e pensei em largar a prancha e nadar até o final. Não larguei. Fiquei em último.

...

Certo dia resolvi surfar. Pedi uma prancha de bodyboard a meu pai e comecei a pegar uns jacarés na praia de Jaguaribe. Eram apenas espumas, mas me encantei com a possibilidade de controlar e ser controlado, desfrutar daquela imensidão que era o mar. Bem piegas, mas me sentia mais perto de Deus quando via o continente por trás da arrebentação.

Me inscrevi numa escolinha. Era bem referenciada. Quase a metade de Top20 nacional tinha passado ou ainda estava por lá. Fui aprendendo várias coisas. Além das técnicas e manobras, valores humanos e ambientais, respeito a algo que é maior que você e eu e todo mundo junto.

Ficávamos horas falando sobre ondas perfeitas e lugares paradisíacos, coisas que Salvador sonhava em ser. Um dia essas ondas grandes e tubulares bateram à nossa porta. Era notória a felicidade de todos os colegas. Eu escolhi ficar na areia. Fingi estar com dores no joelho.

...

Eu era um garoto especial. Sempre o melhor da turma, o capitão dos times esportivos, um líder nato. Mas em alguns momentos eu PIPOCAVA, com todas as letras em maiúsculo. Percebi que era essa a diferença entre pessoas notáveis e os comuns.

Hoje eu faço coisas insanas, simplesmente porque me deixam borrado de medo. Algumas oportunidades foram perdidas para sempre, e possivelmente não serei mais um alto executivo de uma multinacional, ou um campeão mundial de alguma coisa. Paciência. Mas, dali em diante, resolvi que qualquer brechinha que me derem vai ser motivo para um chute ao gol.

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